Qual era o papel do vereador Gui Pereira no esquema investigado pela Presságio em Florianópolis

O vereador Gui Pereira (PSD), de 41 anos, que foi alvo de mandado de busca e apreensão nesta sexta-feira (28) durante a terceira fase da Operação Presságio, é suspeito de integrar o cerne do esquema de  desvio de dinheiro público envolvendo a Secretaria Municipal de Turismo, Cultura e Esporte de Florianópolis.

vereador Gui Pereira é investigado na Operação Presságio

Vereador Gui Pereira foi alvo de mandado de busca e apreensão nesta sexta-feira (28), durante a terceira fase da Operação Presságio – Foto: Arquivo/ND

Segundo a investigação da Polícia Civil, o ex-secretário municipal do Continente era um dos principais destinatários dos recursos desviados, assim como o que ocorria com as associações vinculadas a Ed Pereira, ex-secretário de Turismo, Cultura e Esporte de Florianópolis, preso durante a segunda fase da Operação Presságio, deflagrada em maio deste ano.

Conversas apontam envolvimento de Gui Pereira no esquema

Conversas interceptadas revelaram que Gui Pereira foi descrito como “dono” de vários projetos sociais mantidos por associações que recebiam os recursos da Secretaria Municipal de Turismo, Cultura e Esporte. Dessa forma, as diligências levam a crer que o vereador utilizava essas associações para desviar dinheiro público.

Inclusive, em mensagens de texto e áudios extraídos dos celulares dos investigados e analisados pela polícia, um trecho chama a atenção. No dia 4 de maio de 2023, Renê, um dos principais articuladores do esquema, menciona a alocação de recursos para Gui Pereira.

“Então cara eu acabei de somar isso, aí tem mais uma porrada pro Ed, tem mais 12 ou 13 pro Ed ou 15 pro Ed sei lá, 18 no meu nome, daí tem mais 7 pro Gui! Resumindo cara, metade dos projetos é eu, Gui e do Ed e tá tudo certo!”, disse Renê em um áudio.

Para a polícia, ficou evidente o objetivo do grupo em desviar dinheiro público, e de empregar pessoas que, posteriormente, iriam trabalhar nas campanhas eleitorais, “tendo em vista que são os cargos políticos capazes de possibilitar o aparelhamento estatal em proveito do grupo criminoso”.

Em outra mensagem, esta datada de 10 de maio de 2023, Renê encaminha planilhas a Cleber, outro investigado na Operação Presságio, destacando em amarelo as “Vagas p/ Gui” e em vermelho as “Vagas pra Ed”. De acordo com a investigação, essas vagas seriam utilizadas para empregar cabos eleitorais que, posteriormente, devolveriam parte dos valores recebidos aos políticos envolvidos.

Renê encaminhou planilhas destacando em amarelo as “Vagas p/ Gui” e em vermelho as “Vagas pra Ed” – Foto: Reprodução/Polícia Civil/ND

Ainda, a partir das conversas entre Renê e Cleber, foi possível constatar, segundo a polícia, que Cleber escreveu os projetos relacionados às organizações sociais pertencentes a Gui Pereira, utilizando, inclusive, pessoas fictícias para compor a lista de prestadores de serviço.

Em conversa do dia 25 de maio de 2023, Cleber pergunta: “Colocasse ali um Diego Raimundo (teu), ele existe? Continua?” e, na sequência, Renê responde “não existe”.

Em outra conversa analisada, desta vez entre Renê Justino e Sandro Melo (outro investigado), o nome de Gui Pereira é citado novamente, colocando um de seus projetos, o Pró-Vôlei, no esquema da organização criminosa.

Por fim, a polícia concluiu que “há diversos elementos nas conversas de Renê com outros envolvidos no esquema criminoso que indicam que Guilherme Pereira é um dos beneficiários dos valores desviados dos projetos sociais, assim como Ed Pereira”. Contudo, ainda será preciso esclarecer qual o caminho do dinheiro até chegar a ele.

Em nota, a defesa de Gui Pereira informou que seu cliente não possui qualquer envolvimento em atividades ilícitas relacionadas à contratação de associações ou recebimento de vantagens indevidas.

“Estamos preparando uma defesa detalhada que será apresentada nos autos do processo, onde todos os fatos serão devidamente esclarecidos” finalizou o comunicado.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.