A culpa é sempre da mãe? Especialista desmistifica lendas que cercam a psicanálise

Um dos temas mais polêmicos que cercam o mundo da psicologia e psicanálise é a transferência de responsabilidades, que carrega um dos estigmas mais famosos no meio, o clássico “A culpa é da minha mãe!”, geralmente apresentado por pacientes no início das análises feitas por profissionais.

A culpa é sempre da mãe? psicanalista desmistifica lendas que cercam a psicanálise

A culpa é sempre da mãe? psicanalista desmistifica lendas que cercam a psicanálise – Foto: Freepik

Mas este está longe de ser o único estereótipo que cerca o tema. Outros como “Análise demora” ou “Psicanálise só fala do passado” são comuns. Mas estes questionamentos surgem em decorrência da falta de informação sobre o assunto.

Pensando em esclarecer essas lendas, no 8° episódio do podcast A Coisa + Aleatória, Marta Gomes e Bianka Any Garcia trouxeram indagações e dúvidas dos internautas sobre psicanálise para debater e responder da melhor forma.

Mas afinal, a culpa é sempre da mãe? De acordo com Marta, no início do processo de psicanálise tendemos a culpar nossas mães por problemas do nosso dia a dia, gerando este estigma que já virou um certo clichê no mundo da psicanálise.

Bianka diz que isso se dá por dois fatores: a falta de responsabilidade com as nossas próprias atitudes e a memória afetiva com a figura da mãe.

“Não se trata de culpa, se trata de análise, de encontrar a origem daqueles sentimentos. Às vezes acontece dessa busca encontrar a infância, que é o primeiro momento em que aprendemos a amar e ser amado”, complementou.

Ainda de acordo com Bianka, nas fases iniciais do desenvolvimento a mãe se torna um personagem em nossas vidas, mas afirma que todos os traumas são sucessões de outros acontecimentos.

“Normalmente é a mãe que está por volta dos filhos nesta idade, é a mãe que acaba por se tornar um personagem marcante, mas a própria mãe é resultado da forma com que ela foi criada e por isso não se trata de culpa, e nem da mãe, e sim sobre mim e o resultado da análise é saber o que fazer a partir do que aconteceu comigo”, complementou.

É culpa da mãe ou falta de responsabilidade própria?

Bianka comentou que o tempo da psicanálise varia de acordo com o paciente. Segundo ela, existem pacientes que levam pouco tempo para entender e aceitar a análise feita na sessão e outros que optam, mesmo que inconscientemente, por se justificar e não aceitar o que o psicanalista propõe.

“Quando o paciente se justifica muito, não aceita a análise ou não se abre muito com o profissional, novas estratégias de comunicação são feitas para tentar dar seguimento e caso o entrave persista, o quadro do paciente não evolui, e chega nesse ponto de não ter mais o que fazer”, disse.

Tudo é passado?

Outro estigma que cerca a psicanálise é o de que o único assunto abordado é o passado, o que na cabeça de algumas pessoas se torna algo monótono. Para Bianka, a psicanálise trabalha com o “passado ficado”, ou seja, aquilo que não passou com o tempo e ainda é remoído no inconsciente.

“Nunca um psicanalista vai te perguntar sobre o passado. Tudo o que é analisado é de acordo com o que o paciente relata. E geralmente o que é relatado é aquilo que ainda está remoendo, que ainda dói e ainda está incomodando”, explica.

Podcast A Coisa + Aleatória

Podcast - A coisa mais aleatória

Podcast – A coisa mais aleatória – Foto: Divulgação/ND

O novo podcast do Grupo ND traz a apresentadora do SC no ar, Marta Gomes, para tratar de assuntos sobre psicologia e psicanálise. Com convidados diversos, clima descontraído e muita alegria, o programa vai ao ar a cada 15 dias e está disponível no Spotify e no ND Play.

A produção do podcast A Coisa + Aleatória é realizada pelo Núcleo de Projetos Multimídia do Grupo ND, que trabalha com inovação e criação de novos produtos em jornalismo.

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