Surfe: competindo na Austrália, manezinho Leo Casal mira a elite do cenário mundial

Joaquina, Mole, Galheta, Moçambique, Santinho, Campeche, Morro das Pedras, Matadeiro, Açores, Naufragados… aí está uma seleta lista das melhores ondas de Florianópolis.

Para o manezinho Leo Casal, 19 anos, o melhor pico é o Campeche. “Muito importante para mim. Foi onde aprendi a surfar e o lugar no mundo que chamo de casa”, diz.

Surfista manezinho Leo Casal aspira o topo do surfe mundial

Surfista manezinho Leo Casal aspira o topo do surfe mundial – Foto: Reprodução

Na Austrália, competindo o Challenger Series, divisão de acesso para a elite do surf mundial WSL (Liga Mundial de Surfe) e o circuito regional WQS, Casal lidera o ranking Pro Júnior, acabou de ser campeão de uma etapa na Austrália e mira um grande resultado no evento prime, além de ser campeão mundial Júnior.

Fora do país, surfando nos mares do mundo, segue falando do Campeche que, para ele, “tem as melhores direitas da ilha.”

Em janeiro, nos Estados Unidos, Casal obteve o 3º lugar no mundial sub-20 da WSL e, no próximo ano, pode participar novamente do evento, visando o título.

Ele atribui o resultado ao preparo. “A grande diferença foi ter chegado 20 dias antes do campeonato para me adaptar às condições climáticas e do surf em Oceanside”.

No surf desde os nove anos, ele acredita que fez muita diferença começar cedo para desenvolver uma técnica especializada que, atualmente, é ferramenta de trabalho.

“Minha vontade é ter muito resultado, ajudar muitas crianças e, através do surfe, aumentar a qualidade de vida e projetos sociais na comunidade”, diz Casal.

O atleta manezinho é aluno da Marco Polo Surf, escola que carrega o nome do surfista Marco Polo, 42 anos, que competiu por duas décadas no circuito mundial de surfe.

Em 2010, foi top da primeira divisão da WSL e, depois, se tornou técnico de atletas. Há quatro anos, ele tem a escola de surfe no Campeche, atendendo todos os níveis, de crianças e iniciantes que nunca surfaram a surfistas de alto nível que miram o circuito.

“Temos as modalidades iniciante, intermediário e avançado, além do surf training, para quem já surfa ou é atleta, que é com filmagem na praia, simulação de bateria e acompanhamento para o surfista melhorar em performance e nas competições”, explica Marco.

Na alta temporada, em média, 30 a 40 alunos por semana em aulas coletivas e individuais. Na baixa, 20 a 25 aulas. Aulas e o surf training custam R$ 150,00. As aulas duram 1h15 e há equipamentos inclusos. O pacote com quatro aulas é R$ 540,00.

A idade mínima é seis anos. Ou seja, é possível começar muito cedo. “Quando é pequeno, damos aula mais particular, prezando pela segurança e experiência da criança, para que não se assuste, então, fica um instrutor com a criança”.

Chama acesa no surfe manezinho

Carlos Kxote pegando onda

Carlos Kxote pegando onda – Foto: Arquivo Pessoa/ND

Outro aluno da Marco Polo Surf, Pedro Rodrigues Chanchi, 15 anos, é gaúcho, mas veio para Florianópolis com dois anos. Foi apresentado ao esporte pelo pai, que tinha amigos surfistas na Ilha, queria aprender e levou o filho junto, com seis anos.

Assim, nasceu mais um apaixonado pelas ondas. “Sempre gostei do mar, de ir à praia, conheci o surfe e sempre achei daora pegar onda e até hoje surfo”, comenta.

Para ele, a Mole e o Moçambique são melhores picos. “Moro no Moçambique e a Mole tem altas ondas e uma vibe muito legal, pela galera que vai lá”, diz.

Mirando o circuito, Pedro treina quarta e quinta, surfa todo dia e faz treino físico fora d’água. No início da carreira, a competição mais marcante até o momento foi no quintal de casa, ano passado, onde ele se sagrou campeão.

Na fase atual, Pedro está treinando o aéreo, uma manobra de grande nível técnico, que ele já conseguiu executar, porém, sem retornar à prancha. “Estou perto de voltar”.

Maré de inspirações

Para o professor, Florianópolis é um celeiro de campeões porque, num espaço pequeno, mora muita gente que surfa bem. Além disso, a qualidade das ondas ajuda.

“Um menino começando a surfar tem um espelho ao lado dele, na praia, de um surfista que compete no circuito mundial. Tem boas escolas, bons coachings, acesso a quem filma. É uma junção de fatores que torna o crescimento mais rápido.”

Como professor de surfe e coach, ele recomenda Florianópolis para quem sonha no esporte.

“O ideal é estudar aqui e viver esse ambiente. Ver a nova geração tendo acompanhamento de coaching, academia, instrução para viajar, enfim, muitas informações para quem quer competir e seguir carreira.”

No Estado, ele lembra que os surfistas têm o Surf Talentos, inclusive com etapa na Capital. “Em Florianópolis o que traz oportunidade à nova geração é o circuito da Associação da Joaquina, o Kids and Kings. Tem sub-10, sub-12, sub-14, a Pró-Junior, até 18 anos, enfim, um circuito voltado às crianças.”

Ele também cita circuito infantil na Praia do Matadeiro, que inclusive tem projeto de aula gratuita de surfe. Campeche, Moçambique, Praia Brava e Mole são outros exemplos.

De Araranguá, Marco Polo conta que começou justamente assim. “Teve um campeonato na minha praia, fiquei em 5º, depois venci. Quando comecei a despontar, me mudei para Florianópolis. Tive acesso a rodoviária, aeroporto, aos patrocinadores e praias boas para treinar. Além disso, na praia, sempre tinha fotógrafo, videomaker e isso ajudou na minha carreira.”

No passado, nomes como Fabio Gouvea e Peterson Rosa escolheram Florianópolis. Na elite do surfe mundial atualmente Yago Dora fez o mesmo, assim como Ian Gouvea e Lucas Silveira.

Além dos que se mudam, tem quem visite a Ilha, como o australiano Jack Robinson, também da elite. Aqui, encontram ondas tão boas ou até melhores que mundo afora.

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